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author | Paulo Henrique de Lima Santana (phls) <phls@debian.org> | 2020-07-16 11:24:01 -0300 |
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committer | Paulo Henrique de Lima Santana (phls) <phls@debian.org> | 2020-07-16 11:24:01 -0300 |
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Por +distribuições da comunidade queremos dizer as coleções de pacotes mantidos e +distribuídos por organizações compostas por voluntários(as), pelas quais +organizações e voluntários(as) não buscam lucrar ao exercer essa atividade. Tais +distribuições baseadas na comunidade podem vender como também doar o produto de +seus trabalhos, possivelmente em CDs ou mídias de armazenamento USB, ou por +downloads pagos, como também por distribuição gratuita.</p> + +<p>Este documento foi preparado por advogados(as) do +<a href="http://www.softwarefreedom.org">Software Freedom Law Center</a> (SFLC) +a pedido do <a href="https://www.debian.org/">projeto Debian</a>, e pode ser +útil para comunidades similares de distribuições FOSS. Suas declarações sobre +matérias legais são precisas em relação à data de elaboração e à legislação dos +Estados Unidos, e podem ser aplicáveis em outros sistemas legais. Mas este +documento não constitui um aconselhamento jurídico. Ele não foi baseado em +análises de qualquer situação factual particular, e qualquer advogado(a) que +opine sobre as questões apresentadas abaixo precisaria confirmar os fatos e +circunstâncias particulares que poderiam fazer variar esta informação em uma +determinada situação. Você não deve se fundamentar nesse documento para tomar +decisões que afetem os direitos legais de seu projeto ou que afetem as +responsabilidades em situações reais sem consultar o SFLC ou outros(as) +advogados(as).</p> + +<h1>Contexto sobre patentes</h1> + +<h2>O que é uma patente?</h2> + +<p>Uma patente é um monopólio outorgado pelo Estado que garante ao(à) +inventor(a) exclusividade nos direitos de fabricação, venda, oferecimento para +venda, oferecimento para fabricação ou importação da invenção reivindicada pelo +período limitado pela patente. O(A) detentor(a) da patente pode então licenciar, +em caráter exclusivo ou não exclusivo, um ou mais dos direitos garantidos.</p> + +<h2>Qual o tempo da vigência da patente?</h2> + +<p>Geralmente, na maioria dos governos as patentes concedidas nos últimos 15 +anos expiram em 20 anos da data de preenchimento do pedido de patente. Patentes +dos Estados Unidos com data de requisição antes de 8 de junho de 1995 fornecem +proteção por até 17 anos contando a data de concessão, ou 20 anos da data de +requisição, o que ocorrer depois.</p> + +<p>No Brasil, a patente de invenção tem vigência de 20 anos e a patente de +utilidade tem vigência de 15 anos contados da data de depósito.</p> + +<p>Existem exceções. Patentes podem ter seu período de vigência estendidos por +determinação administrativa ou por um tribunal, mas isso raramente acontece com +patentes de software. O tempo de vigência também pode ser encurtado por acordo +com o requerente durante um <q>processo judicial</q>, isto é, durante o +procedimento administrativo de patente que resulta em uma concessão. Se o +período de vigência de uma patente foi encurtado durante um processo judicial, +um <q>aviso legal de terminalidade</q> aparecerá na primeira página da +patente.</p> + +<h2>Qual a diferença entre a proteção de patente e a proteção de copyright?</h2> + +<p>O(A) proprietário(a) do copyright tem o direito de evitar que outras pessoas +façam cópias não autorizadas do programa sob direitos autorais, mas não podem +evitar programas criados independentemente com as mesmas funcionalidades. A +criação independente é, portanto, uma defesa completa para alegações de +violação de copyright. Além disso, o <q>uso justo</q> é uma defesa contra +violação de copyright, ou uma limitação substantiva do copyright, em todos os +sistemas de copyright. A legislação de patente carece de qualquer dispensa +por uso justo, de modo que criação independente, uso para pesquisa ou +engenharia reversa para propósitos de interoperabilidade ou educacionais não são +defesas contra alegações de violação de patente.</p> + +<h2>Existe uma patente mundial ou algo parecido?</h2> + +<p>No momento, não existem patentes mundiais. Fora da União Europeia, onde +requisições podem ser consolidadas, as patentes geralmente devem ser +requisitadas em cada país no qual deseja-se a proteção de patente.</p> + +<h2>O que são reivindicações de patente?</h2> + +<p>Reivindicações, que são a parte mais importante da patente, determinam o +escopo real da invenção para o qual a patente se aplica. É somente a +reivindicação que define quais os direitos exclusivos cobertos, ou seja, +praticar o que foi reivindicado sem uma licença é uma violação. Ler e entender +as reivindicações de uma patente é a chave para determinar se um dado produto +ou processo a viola.</p> + +<p>Cada reivindicação está em uma única sentença. Reivindicações começam com um +<q>preâmbulo</q> seguido de uma ou mais <q>limitações</q>.</p> + +<p>Para que um software viole uma patente, o software (ou o sistema com o +software incorporado) deve implementar tudo o que está descrito em uma das +reivindicações da patente. Se você não pratica um ou mais dos elementos da +reivindicação, então você não viola diretamente essa reivindicação.</p> + +<h2>O que são reivindicações independentes?</h2> + +<p>Uma reivindicação de patente é chamada de <q>independente</q> se ela não faz +referências à nenhuma outra reivindicação de uma patente.</p> + +<h2>O que são reivindicações dependentes?</h2> + +<p>Reivindicações dependentes explicitamente incorporam o conteúdo de outras +reivindicações na patente. Uma reivindicação dependente é necessariamente mais +restrita em escopo do que a reivindicação da qual ela depende, porque isso +inclui uma ou mais limitações. Em termos do diagrama de Venn, a área de +cobertura de uma reivindicação dependente está totalmente contida dentro da +cobertura da reivindicação que ela referencia.</p> + +<h2>Como são escritas as reivindicações de patentes relativas a software?</h2> + +<p>Reivindicações de patentes relativas a software, em patentes recentemente +concedidas, geralmente tem a forma de reivindicações de <q>sistema</q> ou +<q>dispositivo</q>, reivindicações de <q>método</q> e reivindicações de +<q>produto de programa de computador</q> ou <q>meio legível por computador</q>. +Reivindicações de sistema descrevem os elementos do sistema (que podem incluir +um ou mais computadores) como um tipo de máquina ou objeto estático. +Reivindicações de método estão em formato algorítmico. Reivindicações de meio +legível por computador tipicamente duplicam as limitações encontradas nas +reivindicações de método e sistema correspondentes na patente, mas têm o +propósito de abranger o software incorporado em um armazenamento ou em um meio de +distribuição. Reivindicações de meio legível por computador também são +utilizadas para reivindicar invenções com ênfase em estruturas de dados e +interfaces de usuários(as).</p> + +<h1>Violando uma patente</h1> + +<h2>O que significa <q>responsabilidade de patente</q>?</h2> + +<p>Responsabilidade de patente é uma responsabilidade legal que é imposta por um +tribunal. Neste documento, nós usamos a expressão <q>responsabilidade de +patente</q> para abranger os despachos que um tribunal pode emitir se uma das +partes violar uma patente. Por exemplo, uma vez que uma parte viola uma +patente, um tribunal pode ordenar que esta parte pague dinheiro ao(a) detentor(a) +da patente, o que denomina-se <q>indenização</q>, e/ou pode ordenar a +interrupção da conduta de violação, o que é chamado de <q>injunção</q>.</p> + +<h2>O que significa <q>violar</q> uma patente?</h2> + +<p>Violação de patente significa praticar uma ou mais de suas revindicações sem +uma licença. Se alguém usa, produz, vende, oferece para produção, oferece para +venda ou importa software que realiza qualquer elemento descrito por uma +reivindicação de uma patente, esta patente está sendo violada pelo software.</p> + +<p>É possível ser responsabilizado(a) por violação de patente sem violar +diretamente. <q>Contribuir para</q> ou <q>induzir</q> violação também resultam +em responsabilidade de patente.</p> + +<h2>O que é indução de violação?</h2> + +<p><q>Indução de violação</q> significa encorajar ativamente alguém a violar uma +patente. A responsabilidade pela violação requer a comprovação de que a parte +incriminada pretendia que terceiros causassem a violação. Adicionalmente, quem +induz também deve saber que a patente existe, ou presumir fortemente sua +existência, e fazer esforços para não saber. Se, por exemplo, uma documentação é +redigida por alguém com conhecimento de uma reivindicação de patente, e esta +documentação explica como utilizar o programa de um modo que viole tal +revindicação, as instruções podem ser consideradas indutoras de violação. Uma +comunidade de voluntários(as) que mantém um pacote de software, e a respectiva +documentação, não podem induzir violação, a menos que os(as) voluntários(as) que +produziram a documentação conheçam a patente que supostamente foi violada.</p> + +<h2>O que é violação por contribuição?</h2> + +<p><q>Violação por contribuição</q> significa fornecer auxílio para a violação +de uma patente. No contexto do software, isto significaria fornecer software +não violador que poderia ser combinado com outros softwares ou hardwares para +produzir um sistema violador. A violação por contribuição também requer +conhecimento sobre a patente violada. Além disso, se o software possui uso +substancial não violador, fornecê-lo não configura violação por contribuição, +mesmo que ele seja subsequentemente utilizado em uma combinação violadora.</p> + +<h2>Quais são as consequências de se violar uma patente?</h2> + +<p>Se uma parte é encontrada violando uma patente, os tribunais podem ordenar a +interrupção da conduta de violação, o pagamento de indenizações pelas violações +cometidas, ou ambos. Neste documento, nós usamos a expressão <q>responsabilidade +de patente</q> para abranger todas essas consequências.</p> + +<h2>O que é uma injunção?</h2> + +<p>Uma injunção é uma ordem do tribunal para uma ou várias pessoas, para que +façam algo ou para que deixem de fazer algo. A violação de uma injunção resulta +em uma desobediência ao tribunal. Injunções podem ser <q>preliminares</q>, para +prevenir mudança de situação enquanto o litígio esteja ocorrendo, ou +<q>permanente</q>, para ordenar ou proibir condutas como correção ao fim do +processo legal, uma vez que a responsabilidade foi definida. Uma injunção +preliminar para prevenir condutas de violação durante o litígio pode ser +ordenada se o tribunal entender que as indenizações ao fim do caso poderiam ser +insuficientes para proteger o(a) detentor(a) dos direitos de patente, e se o +sucesso no caso for provável, e o interesse público não for prejudicado pela +injunção. Uma injunção permanente para prevenir uma conduta de violação pode +resultar de responsabilidade por violação.</p> + +<h2>As injunções podem ser ordenadas contra distribuições FOSS?</h2> + +<p>Sim. Se uma distribuição FOSS foi considerada violadora de uma patente válida +de alguém, uma injunção permanente poderia ocorrer contra a continuidade da +violação do programa ou funcionalidade pela distribuição.</p> + +<p>Não é muito provável, entretanto, que tal injunção previna o lançamento de +toda a distribuição, ou mesmo de um pacote inteiro. É mais provável que uma +funcionalidade ou um conjunto de funcionalidades tenham que ser desabilitadas, +modificadas de modo que o software pare a violação, ou que seja removida +inteiramente, no país em que a violação de patente ocorreu.</p> + +<p>Além disso, criações que contornem as reivindicações de patente em disputa +podem prevenir até mesmo uma ou mais funcionalidades de serem removidas. Uma vez +que um elemento da reivindicação de patente não esteja mais sendo praticado, +como já dissemos, a reivindicação de patente não é mais violada. No litígio de +patentes nos Estados Unidos, o momento crucial de definição ocorre no que é +chamado de <q>audição <em>Markman</em></q>, ao fim da qual um tribunal dá uma +sentença definitiva sobre o que a reivindicação de patente em questão significa +para os propósitos daquela ação legal. Uma vez que a audição <em>Markman</em> +aconteceu, e o escopo das reivindicações declaradas tenham sido restringidas e +conclusivamente definidas, torna-se muito mais fácil fazer criações por +contorno.</p> + +<h2>O que são indenizações?</h2> + +<p>Na legislação de patentes, indenizações são dinheiro recebido pelo +tribunal para os(as) reclamantes quando o réu foi considerado responsável pela +violação de patente. Enquanto a lei não prevê indenizações máximas para violação +de patente, ela prevê um mínimo -- os royalties razoáveis pelo uso feito da +invenção pelo violador. Adicionalmente, o tribunal pode aumentar as indenizações +em até três vezes a indenização atual, nos casos de violação intencional.</p> + +<h2>O que é violação intencional?</h2> + +<p>A violação é intencional se quem infringe conhecia a patente, a menos que +o(a) violador(a) tinha, em boa fé, acreditado que a patente era inválida, ou que +sua conduta não era violadora. O(A) detentor(a) da patente deve apresentar todos +os elementos de intencionalidade, e nos tribunais dos Estados Unidos deve +fazê-lo com provas de alta qualidade, o que é denominado de <q>provas claras e +convincentes</q>.</p> + +<h2>Eu não tinha conhecimento prévio de uma patente, eu posso ser considerado(a) responsável?</h2> + +<p>O conhecimento da patente não é em geral requerido se a parte é acusada de +violação direta. Para ser responsável por induzir ou contribuir em uma violação, +como já foi dito, o conhecimento da patente ou esforços específicos para evitar +conhecer a patente são requeridos.</p> + +<p>Na prática, detentores(as) de patentes geralmente requisitam que os(as) +infratores obtenham licenças. Se a parte obtém a licença oferecida, o(a) +detentor(a) recebe os royalties sem processá-la. Se a parte recusar a +licença, o(a) detentor(a) da patente já a colocou sob aviso e portanto está +em uma posição de reclamar a violação intencional, o que resulta em maiores +indenizações e na possibilidade de ressarcimento dos honorários advocatícios. +É possível, mas não certo, que antes que qualquer distribuição baseada na +comunidade seja processada por violação de patente, ela receberá pelo menos uma +carta demandando que a licença seja obtida.</p> + +<h2>E se a violação foi acidental, inadvertida ou não intencional?</h2> + +<p>Uma violação não intencional ou inadvertida não pode ser intencional, como +dissemos acima. Como também não se pode contribuir ou induzir uma violação +acidentalmente, já que conhecimento e intenção são ambos necessários. Mas alguém +pode ser responsabilizado por violação direta, sem conhecimento ou +intenção, pelo uso ou venda ou fabricação ou causando a criação de software +infrator.</p> + +<h2>Como fico sabendo da existência de uma patente?</h2> + +<p>Existem inúmeros caminhos para se ficar ciente da existência de uma patente +específica. Além de ser diretamente contatado(a) pelo(a) detentor(a) da patente, +você pode conhecer sobre uma patente particular através de uma busca pela web ou +por listas de discussão, ou em conexão com seu emprego, etc. Se ficar ciente de +uma patente que lhe cause preocupação, é melhor que você converse com um(a) +advogado(a) em vez de compartilhar tal conhecimento ou especulação em um fórum +público.</p> + +<h2>Quais são as defesas disponíveis em uma ação de violação de patente?</h2> + +<p>Primeiro, pode haver defesas específicas para os fatos e circunstâncias da +situação em particular, e é trabalho do(a) advogado(a) detectar e desenvolver +essas defesas. Algumas defesas estão ou podem estar presentes na maioria dos +casos, incluindo:</p> + +<p>Permissão: Você não é responsável por violação se você tem permissão para +usar as reivindicações. Tal permissão pode ser explícita. Uma permissão +explícita é chamada de <q>licença</q>. Permissões também podem ser implícitas: +elas podem resultar de condutas ou declarações do(a) detentor(a) da patente +que se apresentam como uma permissão e nas quais você confiou. (Advogados(as) +chamam isto de <q>preclusão (estoppel)</q>). Pode também resultar de uma total +inação pelo(a) detentor(a) da patente, que efetivamente pode permitir a conduta +violadora porque <q>o direito não socorre os(as) que dormem</q>, o que os(as) +advogados(as) denominam de <q>decadência (laches)</q>.</p> + +<p>Não violação: Uma determinação de não violação é a demonstração de que, na +verdade, nenhuma das reivindicações de patente <q>se apresentavam</q> no +software em questão. Em outras palavras, o software na verdade não implementa +cada elemento que está descrito em qualquer reivindicação.</p> + +<p>Invalidade: Se a patente é inválida, ela não pode ser violada. A invalidade +pode ser demonstrada ao se provar que a matéria em questão da patente está fora +do escopo da legislação de patente. Ela também pode ser apresentada pela +demonstração, sob a lei dos Estados Unidos, de que a patente é <q>não nova</q> +ou <q>óbvia</q>. Sob a legislação de patentes, para que a patente seja válida, +a invenção reivindicada deve ter sido útil, redutível à prática, nova e não +óbvia para uma <q>pessoa que possua habilidade comum naquele ofício</q> no +período em que a invenção tenha sido feita. Uma defesa de invalidade, portanto, +mostra que a patente falhou em cumprir alguns desses requerimentos.</p> + +<h1>O risco de patente para uma distribuição de comunidade</h1> + +<h2>Você pode fornecer exemplos de violação de patente contra comunidades FOSS?</h2> + +<p>Não. Felizmente, poucos casos existem e ainda nenhum chegou a um julgamento +final. Até a presente data, nenhum tribunal abordou grande parte das temáticas +que são únicas às distribuições de software livre. Nós acreditamos que isto +ocorra porque as comunidades FOSS não têm <q>muitos recursos</q> para que +royalties sejam pagos, e processar desenvolvedores(as) individuais que não +possuem grandes receitas resulta em má publicidade para detentores(as) de +patentes sem que se alcance qualquer efeito útil.</p> + +<h2>Nós somos uma distribuição FOSS e não ganhamos dinheiro. Como pagaremos as indenizações se isto no for imposto?</h2> + +<p>Esta questão, como todas as questões similares sobre os riscos legais e +responsabilidades dos projetos, dependem muito dos detalhes de sua estrutura +legal e de suas relações comerciais. Não há uma resposta genérica sobre como os +projetos lidam com seus riscos legais, incluindo os riscos de sentenças +indenizatórias por violação de patente ou outras responsabilidades. +O <a href="http://www.softwarefreedom.org">SFLC</a>, +a <a href="http://sfconservancy.org/">Software Freedom Conservancy</a>, +a <a href="http://www.apache.org/">Apache Software Foundation</a>, +a <a href="http://www.fsf.org">Free Software Foundation</a>, +a <a href="https://www.spi-inc.org/">Software in the Public Interest</a> e +outras organizações ajudam os projetos a se enquadrarem dentro de contextos +legais e organizações que podem, de forma útil, abordar essas questões em um +nível mais geral. Se sua distribuição ou um projeto dentro de sua distribuição +acredita que enfrentará potenciais responsabilidades legais, você deve nos +consultar, ou consultar uma das outras organizações acima.</p> + +<h2>Nós somos uma distribuição FOSS e ganhamos dinheiro. Isto faz com que sejamos mais suscetíveis a ações legais de violação de patente?</h2> + +<p>Qualquer pessoa que obtenha receitas é um alvo mais atraente para ser +processado(a) por um(a) detentor(a) de patente do que alguém que não ganha +dinheiro e que não possa pagar indenizações. Uma distribuição de comunidade que +absolutamente não tem receita não é um alvo atraente. Mas mesmo se você ganhar +algumas centenas de milhares de dólares por ano em vendas, comparado com uma +empresa lucrativa do tamanho da Microsoft, ou mesmo com a Red Hat, você não vale +o custo do litígio para um troll de patente ou outro reclamante racional.</p> + +<h2>Eu ouvi falar que distribuir código-fonte é mais seguro do que distribuir código-objeto. Isto é verdade?</h2> + +<p>Sim. Distribuir código-fonte é provavelmente mais seguro do que distribuir +binários, devido a algumas razões. Primeiro, o código-fonte, como as próprias +publicações de patente, ensinam como a invenção funciona, em vez de ser a +própria invenção. Se o código-fonte sozinho pode violar a patente, é difícil de +entender como a distribuição de fotocópias da patente mesma não seriam +violações. Segundo, nos Estados Unidos, os tribunais <em>podem</em> entender o +código-fonte como discurso, como acreditamos que eles devem entender, então +fazendo com que o código-fonte esteja sujeito à proteção da Primeira Emenda dos +Estados Unidos. Nós sabemos pouco sobre como a Suprema Corte harmonizaria a lei +de patentes com as demandas da Primeira Emenda. Nós do SFLC escrevemos diversos +dossiês sobre a Suprema Corte abordar essas matérias, mas a Corte nunca chegou, +nessas matérias ou decidiu sobre elas. Além disso, como mencionado acima, a +responsabilidade pela violação de patente pode ser imposta quando alguém +possibilita ou encoraja outra pessoa a violar uma patente, mas os requisitos +de conhecimento e intenção são mais estritos em situações de responsabilidade +secundária. Como o(a) usuário(a) primeiro tem que compilar o código-fonte e +instalar o software para que ocorra a violação, o tribunal tem menos chances de +responsabilizar a comunidade por indução ou contribuição de violação.</p> + +<h2>Como parte de um projeto de distribuição de comunidade, quem é a pessoa mais provável de ser processada por violação de patente?</h2> + +<p>Este é um problema para o(a) agressor(a) potencial da patente, mais do que +para a distribuição. Uma distribuição de comunidade composta por +voluntários(as), sem qualquer estrutura hierárquica trabalhista ou de +supervisão, não pode ser processada ao se processar <q>a cabeça</q> do projeto. +Se a violação requer intenção e conhecimento, ou esforços específicos para não +conhecer, como ocorre nos casos de indução ou contribuição à violação, o +indivíduo com tal intenção ou conhecimento deve provavelmente ser encontrado(a) +e processado(a) pessoalmente. Se a pessoa que escreve código e documentação não +lê patentes, e os(as) voluntários(as) que desenvolvem código para um pacote não +mantêm o mesmo pacote ou pacotes relacionados, o(a) agressor(a) pode encontrar +dificuldades para processar alguém.</p> + +<p>As especificidades de uma dada situação, contudo, sem dúvida serão cruciais. +Como todas as outras matérias do tipo, se você acredita que uma patente será +reclamada contra sua distribuição ou seus(as) voluntários(as), você deve +contatar o SFLC ou outro(a) advogado(a) imediatamente.</p> + +<h2>Você está sugerindo que é melhor que desenvolvedores(as) e contribuidores(as) não leiam as patentes? Se sim, por quê?</h2> + +<p>Sim. Infelizmente, a lei de patentes dos Estados Unidos cria desincentivos +para a busca por patentes, até mesmo porque uma das justificativas dadas para o +sistema de patentes é que a patente ensina ao público como praticar uma invenção +que, de outro modo, seria secreta. A violação <q>intencional</q> sujeita o(a) +infrator(a) a maiores indenizações quando eles(as) estão cientes da patente e +pretendiam violá-la, e ler as patentes aumenta a probabilidade que a violação +subsequente seja entendida como intencional. Além disso, nós sabemos que os(as) +desenvolvedores(as) pressupõem que as patentes que eles descobrem são mais +amplas em escopo do que realmente são, e então tais desenvolvedores(as) +tornam-se excessivamente ou desnecessariamente preocupados(as). Se, apesar +disso, você pretende conduzir uma busca por uma patente, você primeiro deve +procurar aconselhamento jurídico.</p> + +<h2>Eu estou fora dos Estados Unidos. Tem alguma coisa com que devo me preocupar?</h2> + +<p>Embora a maior parte dos países sejam membros da Organização Mundial da +Propriedade Intelectual (WIPO - World Intellectual Property Organization), +como também signatários do Tratado de Cooperação de Patente (PCT - Patent +Cooperation Treaty), grandes corporações geralmente restringem suas atividades +de aquisições de patente nos <q>Três Grandes</q>: Estados Unidos, Europa e +Japão. Isto é considerado proteção suficiente pela maioria das companhias, +embora as companhias tenham crescentemente declarado requisições de patentes na +China com a esperança de que direitos de patente serão, eventualmente, +respeitadas de forma adequada pelo respectivo governo e comunidades de negócios. +Além disso, grandes corporações multinacionais em outras jurisdições, como +Coreia e Canadá, geralmente apresentarão o pedido de solicitação de patente em +seu próprio país antes de apresentar a solicitação de patente +internacionalmente. Na Índia, alguns softwares têm sido patenteados apesar da +clara declaração normativa de que software <em>per se</em> não é patenteável. O +SFLC na Índia já iniciou a contestação dessa patentes.</p> + +<p>Mas independentemente de onde você trabalha, o software que viola patentes +não pode ser importado para os países onde essas patentes foram emitidas, o que +significa que você no mínimo deveria estar preocupado(a) com a competência de +alcançar seus(as) pretendidos(as) usuários(as).</p> + +<p>Como sempre, a consulta a um advogado(a) local é um bom passo se você tiver +qualquer questão sobre sua situação ou responsabilidades.</p> + +<h2>Existem diretrizes para limitar nosso risco de violação de patente?</h2> + +<p>Sim. Este documento tem o objetivo de educar sobre o risco de patente e, +embora seja difícil dar conselhos sobre cada situação específica de cada +leitor(a), existem algumas diretrizes que podem ser extraídas.</p> + +<ul> +<li><p>Ler as patentes, especialmente quando se pesquisa sobre como projetar uma +contribuição para seu projeto de software livre, pode expor as comunidades à +responsabilidade que elas, em outras circunstâncias, não teriam.</p></li> +<li><p>Partes de uma comunidade de software livre que distribuem código-fonte e +não código-objeto provavelmente terão menor chances de risco de patente.</p></li> +<li><p>Distribuir software livre comercialmente é provavelmente mais arriscado +do que distribuir software de graça.</p></li> +<li><p>Ter a capacidade de remover funcionalidades e pacotes das distribuições, +rapidamente e com facilidade, ajudará a mitigar os danos que a comunidade possa +sofrer.</p></li> +<li><p>O litígio de patente não é um esporte amador. Se você for contatado por +alguém que lhe ameaçou a imposição de patente, contate o Software Freedom Law +Center ou outro(a) advogado(a) qualificado(a) o mais rapidamente possível.</p></li> +</ul> + +<hr /> + +<p><strong>Agradecimentos.</strong> Este documento foi preparado pelos(as) +advogados(as) do SFLC, com contribuições de Stefano Zacchiroli, em nome do +Projeto Debian.</p> |